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ALDIR, VERBO INTRANSITIVO.

No entanto, para os que atravessaram os anos de chumbo da ditadura, o Aldir que ficará para sempre será aquele que, com suas músicas, ajudou a fortalecer a solidariedade da resistência” (Luis Nassif, jornalista e músico, São Paulo, outubro, 1996).

         Nossos entes queridos só morrem quando nós os esquecemos. Por isto, eis-nos aqui, no dia em que nosso Aldir Blanc completaria 74 anos de vida terrena, pra reverenciar sua memória. E o fazemos emocionados, sim, mas tentando manter a “carioquice”, “a graça e a malandragem”, o “charme de mancar com a perna”, nele destacados por admiradores do quilate de Caymmi e Hermínio Bello, por exemplo. E, assim, recordamos um episódio digno de lembrança.

          No início dos anos 80, as velhas estruturas das sociedades autorais, ainda “malocadas” no ECAD, faziam o que “podiam e não deviam” pra que a informatização do Escritório não “rolasse”, pois não acreditavam nela e queriam mais era continuar documentando à mão o direito autoral, naquela do “devagar quase parando”. Claro! Porque assim ficava mais fácil controlar tudo.

          Mas apesar da “turma da roda presa”, do velho sistema, o ECAD começou a ser informatizado, deixando a “Era do Papel” para entrar na “Era dos Bytes’. Só que, como era de se esperar, “pintava” uma desconfiança com as novas tecnologias. Que não funcionavam ‘de acordo”, um pouco por inexperiência técnica e outro tanto pelo “corpo mole” da turma que preferia deixar tudo como estava.  Na verdade, a Informática do ECAD nos primeiros tempos deixava muito a desejar e cometia, na época,           cada “batatada” que só vendo. E até os mais “espertos” não entendiam muito o fato de que as máquinas não têm “vontade própria” e só fazem o que a gente manda fazer. Aí, o ECAD tentava se justificar, sempre culpando a máquina. E o computador do ECAD passou a ser o grande vilão do Direito Autoral no Brasil.

          Foi nessa que o nosso Aldir, sempre indignado e irônico, escreveu um artigo intitulado “Computa, computa, computador FDP…” denunciando a suposta inépcia da tecnologia, que – depois soubemos – era só uma manobra do “time contra”, (uns quatro ou cinco “sem-patrão”) que remava para trás dentro do próprio “barco” do ECAD.

          Felizmente, hoje, o Brasil é uma referência em Tecnologia da Informação autoral, o que pouca gente sabe. O computador, na época xingado pelo Aldir, não era tão FDP assim. Tanto que agora ele nos dá uma tremenda “colher de chá”, quando buscamos e achamos,  na memória dele,  mais do que na nossa, esta singela lembrança do nosso querido Aldir Blanc Mendes. Que é para sempre o nosso “verbo intransitivo”, aquele que fala por si próprio sem necessidade de complemento. Que continua sendo da AMAR. E “ninguém tasca”!

 

AMAR-SOMBRÁS.

 

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