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PAULO CÉSAR PINHEIRO – 50 ANOS DE CANÇÃO!

Paulo César Pinheiro completa 50 anos de disco com uma enxurrada de canções

Compositor com mais músicas gravadas do Brasil ganha show na Casa do Choro e documentário, escreve livros e promete lançar 78 inéditas até o ano que vem.

Nas contas de Paulo César Pinheiro, foram mais de duas mil canções compostas (“passou de duas mil, eu parei de contar”), mais de 1.400 delas gravadas (“se contar regravação, vai a mais de 10 mil”), ao longo de 50 anos ininterruptos de produção desde que teve a sua primeira música gravada: “Lapinha”, parceria com Baden Powell, com a qual os dois venceram a Bienal do Samba da TV Record, em 1968.

— Nunca tive férias, sou autônomo. Não existe essa profissão de compositor, e eu só vivo disso. Quando me hospedo em um hotel e perguntam o que eu faço, eu digo “artista” — diverte-se Paulo César, que festeja na quarta e na quinta, na Casa do Choro, em show com participações da cantora Ilessi e do velho colega Miltinho, do MPB4, o seu cinquentenário em disco.

A trajetória de compositor, com um time de parceiros que, como observa, andaram virando logradouros (Aeroporto Internacional Tom Jobim, Sala Baden Powell, Centro Cultural João Nogueira e até uma simpática Praça Compositor Mauro Duarte, em Botafogo) começou bem antes de 1968. Uns cinco anos antes, o garoto de 13 já fazia algumas músicas com seu vizinho em São Cristóvão, o acordeonista-depois-violonista João de Aquino. Dessa parceria, surgiu “Viagem”, que foi gravada anos mais tarde com sucesso, por Marisa Gata Mansa, e se tornou o maior sucesso internacional de Paulo César Pinheiro.

— Essa música sobreviveu ao tempo muito por causa dos casamentos, muitos noivos pediam ela para a hora de entrar na igreja — diz.
“Lapinha”, Paulo César fez aos 16 anos. João de Aquino era primo do lendário violonista, que passou a levar o garoto para todo canto e um dia, depois de ouvir suas canções, ofereceu parceria.

— Tomei um susto, porque ele era parceiro do Vinicius de Moraes e o Vinicius era o cara — conta o compositor, que escreveu uma letra para o samba de Baden, não gostou, jogou fora e logo em seguida, do zero, fez a definitiva. — No outro dia, no ( Bar ) Veloso, começamos a cantar o samba e, na terceira ou quarta passada, as pessoas estavam cantando junto. O Vinicius se levantou e foi embora sem falar nada. Eu fiquei sem ação. E o Tom falou: “Não fica assim não, o Vinicius é muito ciumento”. A parceria com o Baden caminhou, fizemos uma obra e tempos depois o Vinicius se aproximou e ficou meu grande amigo.

Os shows na Casa do Choro celebram a obra,de Paulo César com Baden Powell, que foi reunida em 1970 no LP “Os cantores da Lapinha”, depois de terem sido gravadas com sucesso por Elis Regina, Elizeth Cardoso e o MPB4.

Mas isso é só o começo das festa para o compositor, que completa 70 anos no próximo dia 28 de abril. Ano que vem, ele será tema de um documentário dirigido por Cleisson Vidal e Andrea Prates (para o qual foram gravou mais de 12 hotas de entrevista) e lançará dois livros. Em abril é a vez de “Figuraças”, o segundo livro de contos de sua carreira, e em novembro, de “Mil versos, mil canções”.

— O “Figuraças” vem de crônicas que eu escrevia para o Pasquim, usando o meu lado mais bem-humorado. Um dia, relendo tudo aquilo, percebi que, se eu as entendesse, elas poderiam virar contos. Eram figuras, personagens. O livro deveria ter sido lançado este ano, só que eu me lembrei de outros personagens — conta o compositor, que reunirá em “Mil versos, mil canções” alguns dos versos de suas músicas “que são citados em mesa de botequim como se fossem provérbios, ditados populares”. — Quando percebi isso, fui tirando tudo da gaveta, letra por letra, e separando. Quando passou de mil versos, vi que tinha um livro.

Para o ano, ele promete ainda um disco só seu, “Lamento do samba nº 2”, em que vai cantar canções inéditas, com produção do violonista Maurício Carrilho:

— Só na virada deste ano para o ano que vem vão sair 78 músicas inéditas minhas de uma vez só — contabiliza. — São 14 no CD da Glória Bonfim (que será lançado na próxima quarta na Casa do Choro ), 12 num disco com o Toquinho, 12 num do Miguel Rabello com o Breno Ruiz e algumas das 30 que fiz com o Marcelo Menezes, que ele também vai lançar em um disco seu.

E ainda tem outras 14 parcerias com Yamandu Costa, que entrarão em seu primeiro álbum que o prodígio gaúcho do violão grava também como cantor.

— Eu sou o Zelig da canção! — gaba-se Paulo César. Quando meus parceiros me mostram uma canção, eu me transformo nele para poder falar por eles. Fiz assim com o Sérgio Santos em Minas, com o Edil Pacheco na Bahia, com o Lenine em Pernambuco… A região brasileira que me faltava era o Sul, que eu achei que nunca ia fazer!

Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/musica/paulo-cesar-pinheiro-completa-50-anos-de-disco-com-uma-enxurrada-de-cancoes-23280763

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