Faleceu este sábado, em Santarém (PA), aos 78 anos, de complicações de uma cirurgia, Sebastião Tapajós, um dos maiores violonistas brasileiros. Consagrado nas casas de espetáculos da Europa, ele lançou uma série de LPs solos e com grupoa, tocou com artistas da MPB como: Hermeto Pascoal, Jane Duboc, Waldir Azevedo, Paulo Moura, Sivuca e Maurício Einhorn. Entre os astros internacionais com quem se apresentou estão o saxofonistas Gerry Mulligan e Paquito D’Rivera, o bandoneonista e mestre do tango Astor Piazzolla e o pianista Oscar Peterson.
Nascido em Santarém, Sebastião aprendeu violão com o pai e começou a tocar profissionalmente aos 10 anos de idade no conjunto de baile “Os Mocorongos”. Depois de estudar música em Belém, Rio de Janeiro e Lisboa (onde formou-se pelo Conservatório Nacional de Música), ele se fixou no Rio, começou a se aprofundar na música folclórica brasileira e lançou seu primeiro LP solo “Violão e Tapajós”, lançado pela Philips.
Em 1971, Sebastião Tapajós realizou, junto com Paulinho da Viola e Maria Bethânia, uma turnê pela Europa que depois virou LP (“Nova bossa nova”, de 1972). Enquanto se apresentava pelos palcos do mundo, lançava LPs como “Guitarra Fantástica” (1974, que levou o prêmio do Disco Estrangeiro Mais Vendido no Ano pela RCA da Alemanha), “Guitarra Latina” (1975), “Terra” (1976), “Clássicos da América do Sul” (1977), “Guitarra & Amigos” (1977) e “Xingu” (1979).
Em 1979, o violonista começou a levar músicos brasileiros para tocar com ele no exterior, como o gaitista Maurício Einhorn, Joel do Bandolim, os percussionistas Pedro Sorongo e Djama Correia, além do Zimbo Trio, que atuou em turnês de Sebastião ao longo de dois anos. Sempre ligado à cultura e aos sons da Amazônia, o violonista realizou entre 1998 e 2001, uma série de estudos dos ritmos da região, que resultou em quatro CDs independentes: “Encontro com a saudade”, “Instrumental caboclo” (trilha sonora do filme “Lendas amazônicas”), “Solos da Amazônia” e “Solos do Brasil”, esse último em parceria com Hermeto Pascoal e Gilson Peranzzetta.
No Twitter, o escritor Luiz Antônio Simas prestou seu tributo ao músico: “Sebastião Tapajós partiu. Um gênio da música brasileira, com seu violão amazônico de espantosa beleza. Aqui vai uma de suas composições que mais me comovem: ‘Navio gaiola’, com o próprio Tapajós e Nilson Chaves. Esse álbum todo, aliás, é lindo.”
AMAR-SOMBRÁS