GALERIA DOS IMORTAIS

Antônio José Waghabi

Há dois anos, a AMAR e o Brasil perdiam o músico Antônio José Waghabi Filho, o “Magro”, vocalista e arranjador do grupo musical MPB-4 que integrava desde a criação, em meados da década de 1960. “Magro” foi membro da diretoria da AMAR/SOMBRÁS eleita e empossada em 1988, sob a presidência do inesquecível Mauricio Tapajós.

Convenção de Roma - AMAR Sombrás

Nascido na cidade fluminense de Itaocara, em 1943, o jovem Antonio José iniciou sua carreira com estudos de piano. Ainda na adolescência, participou da “Sociedade Patápio Silva”, cujo nome homenageia o celebre flautista, também nascido na cidade. Em 1959, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, aperfeiçoou seus estudos. E na década seguinte, no ambiente universitário, primeiro com Milton Lima dos Santos, o “Miltinho” e depois com Ruy Faria e Aquiles Reis, participou do legendário “CPC de Niterói”, um dos “centros populares de cultura” criados pela UNE para, unindo arte e ativismo, levar consciência política ao meio estudantil e ao povo das cidades e do campo.

Eram tempos de bossa-nova e de sonhos em um Brasil melhor. Entretanto, com o advento da Ditadura Militar, em 1964, muitos castelos ruíram e muitos caminhos se refizeram Foi o caso de José Antonio, já conhecido como o “Magro”, e Miltinho, que abandonaram, no terceiro ano, a faculdade de Engenharia e partiram para a profissionalização como músicos. O mesmo fizeram Ruy e Aquiles, em suas trajetórias, nascendo aí o MPB-4.

O primeiro álbum do quarteto foi lançado em 1966. A partir daí, até a década de 90, lançaram discos quase anuais. E neles, já em 67, sobressaiu o talento do “Magro” como arranjador vocal, com complexa trama que unia a voz de Chico Buarque às do quarteto na interpretação do samba “Roda-viva”, de Chico, consagrado no 3º Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record. Também de “Magro” é o arranjo vocal da canção “Cálice”, de Gilberto Gil e Chico, interpretada por este e Milton Nascimento no álbum “Chico Buarque” (1978).

Músico identificado com os anseios de sua classe e artista sensível às caudas da cidadania, em 1988, “Magro” passou a integrar a diretoria da AMAR, na qual permaneceu durante os quatro anos do mandato. Terminado esse, permaneceu atuante, sempre demonstrando interesse pelas demandas do segmento autoral e trabalhando para atendê-las, embora cada vez mais solicitado por suas atividades estritamente profissionais.

Imunidade Tributária Musical - AMAR Sombrás
Código ISRC - AMAR Sombrás

Em 2004, às vésperas de comemorar 40 anos, o MPB-4 fazia a primeira mudança em sua formação, com o desligamento de Ruy Faria, substituído pelo cantor Dalmo Medeiros. Mas o êxito, a qualidade artística, a consciência política e o comprometimento continuavam incólumes. Até que no dia 8 de agosto de 2012, vitimado por enfermidade fatal, o “Magro” partia para outra dimensão. Em memória da grandeza do saudoso companheiro “Magro”, como artista e cidadão. e em agradecimento pelo legado que deixou, a AMAR/SOMBRÁS, com este texto, tem a honra de abrir, com esta modesta homenagem, a sua Galeria dos Imortais.

Fontes: Folha de São Paulo (Marcus Preto, 09/08/12); www.mpb4.com.br

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