“Durante o governo militar, depois do golpe de 1964, a cultura brasileira
vivia uma terrível e dramática realidade, esmagada sob as botas do poder fardado
e dilacerada pela tesoura de chumbo das mãos da censura federal.
Escritores e compositores se esbarravam, cotidianamente, nos corredores desses
sombrios órgãos que representavam o autoritarismo. Os funcionários, pelos quais
passava a nata do pensamento brasileiro, eram, no mais das vezes, barnabés do funcionalismo
público, alçados a tais cargos por subserviência e alienação. Era com esses medrosos
e ignorantes servidores da ditadura que tínhamos que dialogar, na esperança de conseguir
uma liberação de nossa obra.“